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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Aleitamento materno

A gravidez determina importantes modificações no meio hormonal da mulher e, portanto, também na sua mama. Os hormônios do feto vão se somar aos hormônios maternos e sua produção será bastante aumentada em relação aos níveis de base.

Nessa fase, hormônios novos também são produzidos pelo organismo, como o lactogênico-placentário e a ocitocina.

Durante a gestação, os altos níveis de estrogênio e de progesterona fazem um bloqueio da produção (lactogênese) e da saída do leite (lactopoiese). Como todos esses hormônios estarão desenvolvendo intensamente a mama, um dos primeiros sinais de gravidez é a dor mamária.

O volume dos seios cresce, a pele se distende, as veias dessa região aumentam e eles se tornam túrgidos - e assim permanecerão durante todo o período da gestação. O complexo areolopapilar, mamilo e aréola, se torna mais pigmentado, mais escuro, e bolinhas bem pequenas se formam em torno do bico dos seios. São glândulas mínimas que têm a função de lubrificar a aréola, protegendo-a e preparando-a para o momento da amamentação.

Como a gravidez tem seus mecanismos próprios e específicos de adaptação, nessa fase os mamilos de certas mulheres, mais introvertidos, se exteriorizam para facilitar, quando o bebê nascer e precisar mamar, a sucção do leite.

Nesse período não é aconselhável submeter o mamilo ao uso de óleos ou de cremes umectantes. Pelo contrário: os tecidos mamários devem se tornar mais resistentes e, para tanto, após o banho, a mulher pode friccionar ligeiramente, com uma toalha macia, a região areolopapilar, o que contribui para que ela resista ainda mais à futura sucção do bebê.

A mulher grávida que tenha um estilo de vida que lhe permita tomar um pouco de sol, sempre que possível diretamente sobre o seio, antes das 10h e, à tarde, depois das 16h, também estará fazendo uma boa preparação para a fase do aleitamento - porque o sol catalisa a conversão da vitamina B.

Quando a mama aumentar seu volume muito significativamente, poderão surgir as estrias, resultantes da reunião de três fatores: predisposição genética, presença de hormônios agindo intensamente sobre a pele e a sua conseqüente grande distensão. Como se trata de um processo físico, os cremes e os óleos que, porventura forem utilizados para fazê-las desaparecer, serão inócuos.

Os altíssimos níveis de estrogênio e progesterona durante a gestação bloqueiam a produção e o fluxo do leite, e fazem os seios aumentarem. No momento do parto, no entanto, quando a placenta se descola, os níveis hormonais descem e se inicia o processo da produção do leite.

Nos primeiros três dias após o parto surge o chamado colostro, um líquido amarelado, rico em anticorpos e em hemoglobulina, e do qual o organismo do bebê necessita naquele instante. Depois, o recém-nascido começa a se beneficiar das proteínas existentes no leite materno.

Logo no início da saída do leite, as mamas ficam bem cheias. Há mulheres que têm até febre ou sofrem uma certa indisposição por causa dessa turgência mamária.

É o grande momento da chegada do leite.
Nessa fase, certos cuidados são essenciais: uma falsa indicação é a lavagem do mamilo com água boricada ou com soro fisiológico. Porque a mama possui todo um sistema de proteção próprio, o qual não deve ser alterado para que não seja rompido o ritmo da natureza.
Os chamados exercícios de Hoffman são os que têm o objetivo, para proteção dos mamilos, de guiar a língua do bebê no processo de sucção. São exercícios que devem ser indicados individualmente pelo médico ou pelo profissional da área de saúde que está orientando a mulher durante o pré-natal. Devem ser recomendados e feitos cuidadosamente - cada caso é um caso -, porque facilitam as contrações e, portanto, são contra-indicados nos casos de gravidez com risco de abortamento.
Uma medida de limpeza recomendada é seguir mantendo a boa higiene corporal geral, como de costume. E não usar sabonetes sobre a aréola durante o banho, porque a substância sebácea secretada pela glândula cumpre uma função protetora, e a alcalinidade dos sabonetes pode aumentar a suscetibilidade da mama.
Para evitar fissuras - rachaduras - nos mamilos, a mãe, durante o período pré-natal, deve ser orientada para que o bebê, no futuro, ao mamar, abocanhe o máximo possível a aréola. O recém-nascido não deve usar o bico do seio como uma chupeta.
Os óleos ou cremes aplicados nessa superfície para lubrificá-la podem ser prejudiciais aos mamilos. Eles aumentam a dificuldade de a criança abocanhar o bico, que se torna escorregadio. Nesse caso, o bebê pega o peito, que escorrega, tenta novamente abocanhá-lo, com mais força, e acaba traumatizando o mamilo.
Outra recomendação importante é que a mãe não afaste abruptamente a criança do seio em casos de urgência. O bebê tende, nesse caso, a fechar a boca ao sentir a retirada inesperada do seio, o que também termina por machucar o mamilo. Introduzir suavemente o dedo na boca da criança, de modo que ela o sugue, e só depois ir afastando devagar a sua cabecinha é o procedimento correto.
É importante frisar que a mama e os mamilos vão ser submetidos a um grande estresse durante a gravidez e o aleitamento. Por isso é importante que a mãe seja bem-orientada e saiba preparar o seu seio. Sabendo que os mamilos devem, na medida do possível, ficar à vontade, mas que o uso de sutiãs adequados para a sustentação da mama é essencial, algumas gestantes, exercendo a sua criatividade, lembraram de cortar a ponta do sutiã, de modo a deixar o mamilo livre e, ao mesmo tempo, o seio convenientemente seguro. (Aqui vai uma ressalva: para se evitar as mamas caídas, os sutiãs devem ser de algodão e bem-ajustados, porque o peso das mamas nessa época força os ligamentos).
Assim, o atrito do tecido do sutiã não favorece os processos de irritação, e o seu ajuste impede que o leite se acumule na parte inferior da mama ocasionando, eventualmente, infecções. Portanto, nessa fase, o sutiã mantém a posição anatômica dos ductos. Ele deve ser especialmente confortável, e o seu uso é fundamental.
Para estimular a produção do leite devem ser realizadas automassagens, em movimentos de fora para dentro da região mamária. Elas podem ser feitas até durante o banho de chuveiro.
Não se deve esquecer que o leite humano é uma substância repleta de nutrientes, porém é também uma porta de entrada para que bactérias penetrem no organismo.
Para que não se desenvolva uma mastite aguda (processo inflamatório derivado do leite "empedrado" ou estagnado na mama), a mulher que tem leite em excesso pode lançar mão das bombas de sucção elétricas, que são alugadas, ou das manuais, adquiridas nas farmácias, para retirá-lo.
Ao terminar cada mamada, a mãe deve massagear o seio para retirar o eventual excesso de leite. Dar de mamar em ambas as mamas, e não apenas em uma, também impede que uma das duas venha a sofrer de mastite.
Quanto mais a mama for estimulada, mais leite haverá, porque a sucção cria um reflexo que se dirige diretamente ao cérebro da mulher e faz o organismo liberar mais prolactina, o hormônio do leite, e ocitocina, hormônio associado à saída do leite. (Algumas mulheres usam spray nasal momentos antes de amamentar porque este spray contém ocitocina e estimula o fluxo do leite.)
Evitar fissuras dos mamilos é a melhor maneira de evitar mastites agudas, processo que as vezes pode até ocasionar abscessos, os quais devem ser tratados com antibióticos ou precisam ser abertos e drenados.
Quando a mãe, ao amamentar, sente cólicas algumas vezes, é sinal de que o seu cérebro está liberando ocitocina, a qual age na musculatura da mama, propiciando a contração dos ductos, e também do útero, ocasionando essas cólicas.
Nas mulheres que possuem a chamada inversão de papila, ou papilas muito delicadas, ou, ainda, mamilos umbilicados, é possível que eles se exteriorizem naturalmente durante a gravidez. A gestante também pode usar um protetor de silicone ao redor do complexo papilar para que o bico do seio se projete.
A amamentação deve ser uma fase de tranqüilidade na vida da mulher. Ela deve estar calma e relaxada. O aleitamento é um processo psicossomático, e a autoconfiança da mãe é um fator decisivo para que tudo corra bem para ela e para seu bebê. O leite muitas vezes "acaba" porque a mãe está estressada, porque está tensa, porque não teve uma orientação adequada para se manter equilibrada emocionalmente quando o filho chora, por exemplo, ou quando, nos primeiros dias do aleitamento, seu seio está mais dolorido.
Mães, não biológicas, que adotam recém-nascidos poderão amamentá-los em seus próprios seios. Para isto torna-se necessário uma estimulação, programada e assistida por especialistas. A medida ideal de tempo para uma mulher amamentar é, em média, de seis meses. As mulheres que devem retornar ao trabalho antes deste período podem retirar o leite e armazená-lo na geladeira para que a criança o tome numa mamadeira. Este tempo de seis meses é preconizado pela Organização Mundial de Saúde, e é também a orientação que o Instituto Fernandes Figueira (IFF), no Rio de Janeiro, ligado ao Ministério da Saúde, oferece às gestantes que acompanha e assiste.
O intervalo entre as mamadas deve ser de cerca de quatro horas, dependendo do apetite do bebê. Décadas atrás só se permitia amamentá-lo em horários rígidos e predeterminados. No Brasil, o hábito era seguir o modelo da escola alemã de aleitamento, que preconizava que o caráter disciplinado do cidadão começava a ser forjado desde o berço, portanto era necessário deixar uma criança chorando horas a fio no berçário, se ainda não tivesse chegado a sua hora de mamar.
Tanto durante a gestação como na fase do aleitamento, a nutrição da mulher precisa ser encarada com toda a seriedade. Não alterar os seus hábitos alimentares significa saúde para ela e para o bebê. O que deve ser feito são ajustes quantitativos, mas não mudanças na qualidade dos alimentos. Durante o período da lactação é importante associar alguns alimentos, porém os hábitos culturais e as condições sócio-econômicas de cada gestante devem ser respeitados. O leite (e seus derivados), por exemplo, é um bom alimento, mas pode ser alergênio para mulheres que não têm o hábito de consumi-lo.
Sobre o fumo e o álcool: se a gestante for obrigada pelo médico a parar de fumar e for tabagista, e portanto dependente do cigarro, ela pode se tornar uma grávida extremamente ansiosa - e estressada. A orientação, nesse caso, é de que ela procure diminuir o número de cigarros consumidos. A mulher deve lembrar que o seu filho merece esse esforço.
O mesmo acontece com o álcool: um cálice de vinho diário pode ser revigorante. O importante é saber qual o tamanho que esse cálice deve ter.
Em ambos os casos, a questão se resume a buscar e encontrar um modo de viver equilibrado e harmônico.
Quanto às mulheres que se submeteram a um implante de prótese no seio, dependendo do modo como se conduziu a cirurgia, e se a árvore mamária não ficou comprometida, não há problema em amamentar.
Há mulheres que teimam em amamentar em apenas um seio. Acreditam que o bebê "só pega bem de um lado". Um seio, no caso, por ser estimulado, cresce muito mais que o outro, o qual, por sua vez, permanece em seu tamanho natural - no futuro será eventualmente necessária uma cirurgia de correção, dada a imensa diferença de volume entre as duas mamas.
Para as mulheres mastectomizadas unilateralmente, não existem contra-indicações. Desde que sua neoplasia esteja resolvida, por que não amamentar?
Na perspectiva da ecologia do desenvolvimento humano, a amamentação é tão importante para a mulher como para o bebê. Estudos iniciais mostram a menor incidência de câncer de mama em mulheres que amamentaram os filhos.
A mulher deve ter a consciência, também, de que interromper o aleitamento de repente, ao invés de fazê-lo gradativamente, é nocivo tanto para ela como para a criança.
Quanto aos casos em que existem doenças infecto-contagiosas na gestante, a contra-indicação se refere unicamente à Aids. Todas as outras doenças podem ser controladas por meio de medicamentos.
Não se deve esquecer a importância de amamentar um bebê. No leite, existem 19 fatores de proteção que são transferidos da mãe para seu filho, e também células com memória para todos os grupos de microrganismos do meio ambiente que entraram em contato com a mulher durante a sua vida, desde a infância. Durante a gravidez, e especialmente na época da lactação, essas células são estimuladas, pelos mecanismos hormonais, a se multiplicar, migram de seus locais de depósito para a circulação, depois para a glândula mamária e, daí, são depositadas na boca da criança junto com o leite materno. Seus fatores de proteção funcionam como um verdadeiro batalhão de limpeza para o organismo do recém-nascido, para quem toda a memória dessas células maternas é transferida.
No estado do Rio de Janeiro funcionam seis bancos de leite humano. O do Instituto Fernandes Figueira (IFF) é o mais antigo do país. Foi fundado tendo como modelo a cadeia de bancos de leite humano da França, os gout de lait.
Desde 1943, nele são atendidas gestantes de risco, e seu corpo de profissionais da área de saúde faz o acompanhamento pré- e pós-natal dessas mulheres. Atualmente, o IFF possui um quadro de cerca de 215 doadoras, cujo excesso de leite é coletado em suas próprias casas, sendo as mulheres orientadas também para saber, elas mesmas, colhê-lo e armazená-lo após amamentar o bebê.
O IFF doa - ele não vende - o leite do seu banco.

CUIDADOS DURANTE A AMAMENTAÇÃO

• Antes de amamentar, lave as mãos com água e sabonete.
• Para seu conforto e segurança do bebê, amamente com as costas apoiadas.
• Use também um travesseiro, por exemplo, sobre suas pernas, para apoio do bebê e para que ele fique na altura do bico do seu seio.
• Segure a mama com os dedos indicador e médio para evitar que ela obstrua as narinas da criança e para ajudar a saída do leite.
• Inicie a mamada pela mama que você ofereceu ao bebê na vez anterior, de modo que a maior parte possível de sua aréola esteja colocada dentro da boca da criança.
• Deixe a mama se esvaziar antes de oferecer a outra.
• Introduza seu dedo mínimo no canto da boquinha do bebê, devagar, para interromper a sucção e, logo após, retire o bico da mama (essa manobra evita rachaduras).
• Após a mamada coloque o bebê em posição vertical por alguns minutos para que ele arrote. O ar que a criança deglute enquanto está mamando favorece o surgimento de regurgitação e/ou de cólicas.
• Finalizando: faça a limpeza da região areolopapilar apenas com água.

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